Sergio Cruz Lima
A política do "café requentado"
Por Sergio Cruz Lima
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Após cinco anos de permanência de marechais no poder - governos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto - os militares permitem que os civis Prudente de Morais e Campos Sales, ex-governadores de São Paulo, sejam escolhidos para ocuparem a Presidência da República.
Campos Sales inaugura a "política dos governadores". E, como resultado, sofre acentuada pressão das oligarquias regionais de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, porque elas se descobriram abandonadas pelo poder federal, notadamente na época da sucessão presidencial. Uma das oligarquias mais fortes e mais atuantes, a de Minas Gerais, detona a exclusiva presença de inquilinos paulistas no Palácio do Catete. Como consequência, para o terceiro quadriênio de presidentes civis, 1902 a 1906, o Partido Republicano instaura a política do "café-com-leite".
A expressão serve para definir um binômio. O poder econômico do café de São Paulo e do leite, em Minas Gerais, devem alimentar o poder político para que os dois estados-federados, sucessivamente, elejam o chefe da Nação e o vice. Em março de 1902, o paulista Rodrigues Alves e o mineiro Silviano Brandão são eleitos para assumirem os dois postos mais importantes da República. Silviano Brandão morre antes de assumir o cargo; seu sucessor é o também mineiro Afonso Pena.
Em Santa Catarina, a política do "café-com-leite" corre paralelo com a política do "café-requentado". Para os políticos catarinenses, a política do "café-com-leite", isto é, o direito exclusivo de paulistas e mineiros ocuparem a Presidência da República ou a vice-presidência, não é aceita passivamente e sofre uma arrojada acomodação. É a política do "café requentado", a comprovar que o acordo com os federalistas, em 1902, transformou-se em cômodo passaporte para a rotatividade dos mesmos retratos ocuparem o Palácio Rosado.
Assim, a política barriga-verde determina que somente pode ser novo governador de Santa Catarina quem já foi ex-governador. E a sequência de herdeiros da família governamental catarinense cobre uma geração, de 1902 a 1926. Lauro Müller (1902-1906), Gustavo Richard (1906-1910), Vidal José de Oliveira Ramos Jr. (1910-1914), Felipe Schmidt (1914-1918), Lauro Müller (1918-1922), embora eleito, não assume o poder central, e o quadriênio é exercido por Hercílio Luz, também ele ex-governador; e, por último, Antônio Pereira da Silva Oliveira (1924-1926).
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